A Darono surgiu com o sonho de valorizar o artesanato português. E tem cumprido! Já está presente em mais de 20 países e tem na inspiração dos nós de pescador um traço único e diferenciador. Mas não se fica por aí.
Na entrevista com Catarina Carvalho, fundadora, podes descobrir como o upcycle está presente nas peças, como o ser 100% portuguesa está a contribuir para a pegada ambiental e como a marca foi lançada e chegou logo a clientes internacionais de renome.
Como surgiu a ideia da Darono?
A Darono surge com o sonho de valorização do artesanato e da tradição portuguesa. Com uma vontade enorme de contribuir para mudanças de paradigma no que que diz respeito aos materiais utilizados. Procuramos construir um mundo mais circular e com menos desperdício, privilegiando os recursos existentes e de lhes dar uma nova vida.
Quais são os produtos que a Darono disponibiliza? Há algum que se destaque?
A nossa coleção inclui tapetes, candeeiros, sofás, poufs, almofadas, redes decorativas…e tudo aquilo que ainda está por inventar!
Somos apaixonados por artesanato e pela descoberta de novas técnicas e também de as desafiar em aplicações menos comuns. Como o nosso nome sugere Dar-o-nó, os nós são o nosso amor maior. A linha TRAP é a que tem sido mais namorada, a nível nacional e internacional. É uma linha que tem por inspiração as redes dos pescadores e os nós utilizados.
De todos os produtos, a pouf TRAP é o mais vendido e este pode ser visto, por exemplo, em 1Hotels em New York; Hard Rock Hotel Ibiza e Grand Palladium Hotel Vallarta – Mexico.
O cliente da Darono são empresas, ou também particulares? Como caracterizam o vosso cliente habitual?
Trabalhamos maioritariamente com arquitetos e designers de interiores, que prescrevem os nossos produtos nos projetos que estão a desenvolver. Estes projetos têm sido, na sua maioria, projetos de hotelaria – hotéis e restaurantes – mas também contamos algumas residências particulares.
Creio ser comum a todos os nossos clientes, a valorização do artesanato e o desejo de produtos personalizados. É também esse um dos pontos diferenciadores da Darono, a possibilidade de desenvolvimento de peças totalmente à medida de cada projeto.
Nos últimos anos notamos também o crescente enfase na vertente sustentável da marca. Quando começamos, há 8 anos, o upcyled era ainda um tema pouco falado e entendido, o que não provocava grande interesse. A mudança que sentimos ultimamente foi exponencial, o mercado está informado e procura melhores soluções.
Utilizam o upcycle na vossa produção. Podem explicar-nos no que consistem estes produtos?
A produção de tecidos a nível mundial, tem por “defeito” a criação de imenso desperdício. A nossa matéria-prima é recuperada diretamente a estas empresas, transformando o desperdício gerado em alimento para a nossa produção. É upcycle porque não exige nenhum processamento adicional, ou seja, o desperdício tem a forma de tiras de tecido e isso permite que seja introduzido diretamente na nossa produção.
Exige-nos, no entanto, flexibilidade e adaptação aos materiais uma vez que não encomendamos as matérias, significa que não controlamos composições nem espessuras de tecidos, trabalhamos com aquilo que o mercado utiliza e, por consequência, desperdiça.
O design e a produção das peças é feita localmente? Que impacto a envolvente tem no vosso processo de criação?
A produção é 100% nacional. Todas as peças são desenvolvidas no nosso atelier em Viana do Castelo. Os materiais complementares que utilizamos, como o ferro e madeiras, são também desenvolvidos por parceiros locais.
Privilegiamos relações de proximidade, que possibilitam ganhos de eficiência na produção, uma vez que trabalhamos muito com peças personalizadas e também por forma a reduzir o impacto de poluição associada ao transporte das matérias.
O design das peças é um processo de co-criação entre o nosso atelier e os nossos clientes. Dentro nas técnicas que desenvolvemos, combinando os materiais e os desejos dos clientes, surgem, a cada projeto, peças únicas.
Desde que o projeto foi criado, como tem sido a evolução? Qual o feedback dos clientes e comunidade?
A Darono apresentou-se em Paris em Setembro de 2013, na feira Maison&Objet, pelo que tivemos exposição a clientes dos mais diversos destinos. As nossas primeiras vendas foram para a Rússia e África do Sul e, desde então somamos mais de 20 outros países.
É interessante recolher comentários de culturas tão distintas e entender a utilização que dão as peças e a combinações de cores que mais apreciam. É uma constante aprendizagem e uma troca de informação que consideramos crucial para iterar e produzir melhores produtos.
Sendo Portugal um país de tradição do artesanato, como tem sido a evolução e conjugação com o design? Internacionalmente, somos reconhecidos?
Sentimos exatamente isso, que Portugal é muito rico em artesanato e que temos ainda várias outras técnicas que gostaríamos de explorar na nossa produção. Gostamos de combinações de materiais e de técnicas menos obvias aplicadas na produção da nossa coleção.
Internacionalmente Portugal está muito bem reconhecido, como produção de qualidade e criatividade nas soluções apresentadas. É com enorme orgulho que, lá fora, dizemos que somos Portugueses e recetividade que têm os produtos made in Portugal.
Que projetos, ambições e metas têm para o futuro?
Desejamos criar mais e chegar a mais destinos. Ambicionamos nunca perder a curiosidade e desafiar sempre os limites da nossa criatividade. Conhecer mais Portugal e, ao mesmo tempo, mostrar mais Portugal.
Ao nível dos materiais, procuramos e testamos constantemente a utilização de novos ingredientes e novas técnicas de produção, que nos permitam inovar nas soluções e criar um produto diferenciado e ao mesmo tempo utilitário, sempre com valores de circularidade e eficiência dos recursos.
Onde podemos encontrar a Darono e comprar?
Uma vantagem dos projetos em Hotelaria é que representam também uma montra para o mundo. Nas nossas redes sociais conseguem ver os projetos em que tivemos o prazer de participar. Em breve vamos lançar a loja online, disponível para todo o mundo.
Catarina Ribeiro Carvalho
Fundadora Darono
Nascida em Viana do Castelo e com tradição familiar na área dos têxteis-lar. Frequentou o curso de Economia na Universidade do Porto e posteriormente Gestão do Turismo e Hotelaria na Porto Business School. Com 27 anos fundou a Darono, palco onde exprime a sua criatividade e paixão pelo artesanato.