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A Green Turtle nasce com o desejo de ser uma voz ativa na divulgação de um estilo de vida e consumo mais conscientes. Hoje é fácil deixarmo-nos levar pelo greenwashing. Por isso é fundamental desmistificar ideias associadas à sustentabilidade e transmitir informações corretas.

Os seus fundadores, Vanessa Lopes e Jorge Mendes, partilharam connosco no que consiste a sua missão de espalhar uma mensagem de consciencialização, bem como 5 dicas que consideram fundamentais e fáceis de aplicar para quem pretende criar hábitos mais sustentáveis.

Green Turtle: em que consiste este projeto? De onde veio a ideia?

A Green Turtle é uma loja online que, como gostamos de dizer, para além de vender produtos sustentáveis, é mais do que um negócio, é como uma missão, um espalhar de mensagem e um alertar de consciências. O projeto foi lançado em março de 2020 por nós, Vanessa e Jorge, mas já tinha nascido na nossa mente há, pelo menos, dois anos.

Olhamos para a Green Turtle como uma extensão de nós e fruto da nossa educação e vivências: enquanto escaladores e amantes da natureza, damos muita importância ao impacto que as nossas decisões enquanto consumidores têm no ambiente que nos rodeia. Não somos de extremos, acreditamos em pequenas mudanças, sabemos que alterar hábitos de consumo exige o seu tempo. Queremos contribuir para estimular o consumidor a pensar em cada escolha que faz e a medir o impacto das suas decisões. Pequenos passos para um futuro mais sustentável e mais verde.

A Green Turtle nasce de um desejo comum, de fazer mais e melhor, seja nas ações do nosso dia a dia, seja como profissionais. Sempre tivemos o desejo de criar algo nosso, mas queríamos criar algo com sentido, com um propósito.

Este projeto foi lançado no início da pandemia, mas já estava pensado há mais tempo. Pensaram em adiar o lançamento? Quais foram os principais desafios que encontraram?

Não foi de todo o início que tínhamos idealizado. Precisamente na semana de março que iniciámos o confinamento, era a semana que tínhamos pensado lançar a Green Turtle. Tínhamos tudo pronto, mas dada a incerteza da situação ainda adiámos a decisão por 2 semanas por acharmos se fazia sentido lançarmos uma loja no meio do caos que se estava a viver. O desejo de abrir a loja era grande e percebendo que não seria uma situação passageira, arriscámos.

Procuramos sempre o momento certo para fazer algo que queremos muito, mas a verdade é que não existe o momento perfeito.

 

Que tipo de produtos podemos encontrar na Green Turtle? Como selecionam as marcas que vendem?

Na Green Turtle podem encontrar produtos para reduzir o plástico e o desperdício. Temos uma gama variada de produtos para várias áreas como a cozinha, casa, higiene, cosmética e escalada. Podem encontrar desde champôs sólidos, a pastilhas dentífricas, produtos de limpeza para casa ou magnésio de escalada em embalagens sem plástico. Algo que temos vindo a fazer desde a abertura da loja é diversificar ainda mais a nossa oferta de produtos, mas é um processo gradual de crescimento.

Procuramos sempre marcas que partilhem dos mesmos valores que nós. Tentamos que todos os produtos sejam sustentáveis em todos os aspetos, desde os ingredientes e materiais utilizados, ao processo de produção, embalagem e distribuição.

Os produtos que encontram na loja são previamente testados por nós. Apenas colocamos online aquilo que acreditamos que funciona. Tipicamente, para escolhermos um fornecedor fazemos uma primeira encomenda como cliente final para percebermos como funciona o embalamento e o produto. Posteriormente, entramos em contacto com o mesmo para obter mais informação sobre o produto e o seu processo de produção. Por vezes, esta relação com os fornecedores acaba por ser um trabalho conjunto e evolutivo, onde existe uma troca de ideias.

Consumo

Reaproveitam diferentes materiais para enviarem as encomendas. Falem-nos um pouco sobre o vosso packaging.

Para enviar as encomendas utilizamos maioritariamente caixas e enchimento reutilizado. Reutilizamos caixas que recebemos dos nossos fornecedores, caixas que família e amigos nos dão ou de clientes que as devolvem. Muitas vezes também transformamos caixas grandes em mais pequenas, fazemos autênticas cirurgias.

Mas isto não significa que não tenhamos usado já caixas novas e que não as tenhamos de ter connosco. As encomendas são todas diferentes, com necessidade de tamanhos diferentes.

Nem sempre conseguimos reutilizar uma que encaixe naquela encomenda em específico e não faz sentido enviar uma caixa grande com um produto pequeno cheia de enchimento. Por isso, quando não conseguimos fazer grandes transformações, utilizamos novas.

Como devem calcular, todas as encomendas são enviadas sem plástico e com fita de papel reciclável.

Qual é a vossa proposta de valor? De que forma se diferenciam da concorrência?

Quando olhamos para o mercado, não olhamos para a concorrência como concorrência até porque muitos são nossos parceiros desde o dia zero. Quando lançámos a Green Turtle tínhamos muitas referências que nos serviram de inspiração e esse sentimento não mudou. A área da sustentabilidade está em crescimento e queremos fazer parte dele. Queremos ser uma voz ativa na divulgação de um estilo de vida e consumo mais conscientes.

Na Green Turtle trabalhamos para que os nossos clientes fiquem satisfeitos em todo o processo de compra: no cuidado dos produtos que disponibilizamos, nos detalhes que colocamos em cada encomenda e no acompanhamento que fazemos no apoio ao cliente.

Há ideias e projetos para o futuro que estão no forno e que temos muita vontade de lançar assim que seja viável.

 

Apesar da consciencialização que hoje existe sobre a necessidade de alterarmos o nosso comportamento, algumas pessoas ainda demonstram receio em comprar produtos mais sustentáveis. Por vezes isto deve-se ao desconhecimento sobre os mesmos. Que estratégias adotaram para contrariar esta situação?

O que tentamos fazer é informar e fazer o consumidor questionar as suas opções. Partilhamos não só informações dos produtos que vendemos, mas também demonstramos quais as suas vantagens face às alternativas mais comuns e descartáveis. Algo que também gostamos de partilhar, são ideias e dicas que podem aplicar, mesmo sem comprar produtos.

Sentimos que, de repente, surgiu um boom em redor da sustentabilidade, o que é ótimo. Mas também é importante distinguir o que é certo do que é errado, desmistificar ideias e conseguir transmitir informações corretas. E isto pode ser algo complicado, mesmo para nós. É fácil sermos apanhados pelo greenwashing, por isso é importante mantermos um sentido crítico.

 

Através das redes sociais da Green Turtle costumam partilhar sugestões para um estilo de vida mais sustentável. Que dicas podem partilhar com quem pretende reduzir o consumo de plástico e a quantidade de desperdício que gera?

A melhor dica que podemos deixar é utilizarem e darem uma segunda vida ao que já têm em casa. Um erro comum é começar a trocar tudo por alternativas sustentáveis e sem plástico. O ideal é mesmo utilizarmos os produtos até ao fim e só depois irmos fazendo trocas. Ou seja, deve ser um processo gradual e que não se pretende que seja de um dia para o outro.

Deixamos aqui 5 dicas que podem aplicar facilmente:

  1. Utilizar sacos reutilizáveis nas compras. Basta vasculhar as gavetas lá em casa e de certeza que vão encontrar uns saquinhos que podem usar.
  2. Substituir os guardanapos de papel por reutilizáveis.
  3. Utilizar uma garrafa reutilizável em vez das descartáveis. Quem diz uma garrafa reutilizável, diz reutilizar um frasco de vidro para o propósito.
  4. Aproveitar a água de aquecer o banho para descargas de autoclismo, lavar o chão, regar plantas, cozinhar ou lavar a loiça.
  5. Melhorar o planeamento de refeições, começando por uma lista de compras. Comprar apenas o que é preciso, nas quantidades necessárias e congelar tudo o que não se consumir.

Jorge Mendes

As viagens permitiram-lhe olhar para o mundo de uma forma diferente. Algumas cidades europeias fizeram-no olhar para as questões da mobilidade e planeamento urbanístico com um sentido mais crítico e exigente, do ponto de vista do impacto que tem no ambiente e na nossa saúde. Numa viagem à Índia foi confrontado com a dura realidade do plástico e do lixo urbano. Na verdade, reconhece que não precisava de ter sido saído do sofá para perceber qual é a nossa realidade.

Tem vários interesses onde a escalada está no topo. Para ele a escalada é medo e prazer, é verde, amarelo, azul, castanho…

 

Vanessa Lopes

De uma maneira ou outra, a sustentabilidade sempre esteve presente ao longo da sua vida. Foi apenas há alguns anos atrás que o Jorge lhe apresentou o mundo da sustentabilidade e, desde então que, abraçou esta jornada. Para além da sustentabilidade, tem outros interesses e hobbies, como a prática da escalada onde valoriza o contacto com a natureza, o desafio e a descoberta de sítios que de outra forma não descobriria. Gosta ainda de se aventurar a fazer yoga, viajar e comer.

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