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Falamos com Celina Marques, Ana Gaspar, Sandra Neto e Teresa Capítulo que são responsáveis pela criação de uma marca de roupa em 2ª mão, a 4UseAgain, que tem como objetivo promover a economia circular, reduzir o consumo e reutilizar os materiais para perceber mais sobre o seu projeto.

Como surgiu a 4UseAgain?

A 4UseAgain nasceu a partir da ideia de quatro amigas empreendedoras, de várias áreas de formação, mas com uma vontade comum: reduzir a pegada ecológica e promover a economia circular. Aliado aos vários tipos de formação, também os diferentes tipos de interesses e formas de estar na vida levaram a que as 4 sócias potenciassem a sua ideia de dar uma segunda oportunidade ao que já não era usado e concretizassem o lançamento do site www.4useagain.com,  para promoverem todos os artigos  que merecem  ser “4UseAgain”.

 

Como tem sido a adesão por parte das pessoas?

A 4UseAgain é uma empresa recente no mercado, pelo que a adesão ao site tem vindo a ser gradual, mas com consistência, quem efetua uma compra normalmente repete a experiência de comprar artigos de qualidade a preços mais convidativos.

Em que medida a 4UseAgain contribui para a sustentabilidade?

As novas tecnologias permitem-nos ter muito do que desejamos ou necessitamos à distância de um “click”. O isolamento social de 2020 veio potenciar ainda mais o uso das tecnologias e fomentar o e-commerce. O facto do cliente poder efetuar as suas compras de uma forma cómoda, rápida e intuitiva em qualquer momento, poder comparar preços, colocar questões, escolher o modo de pagamento, o local de entrega e ainda efetuar trocas/devoluções, faz com que cada vez mais se opte pelas compras online. 

Se aliarmos o e-commerce à comercialização de artigos em segunda mão, ou que ainda não saíram de uma loja ou armazém, estamos de uma forma muito direta a promover a economia circular, a evitar o desperdício e simultaneamente a cuidar do nosso planeta.

Se pensarmos que a indústria têxtil é a segunda maior responsável pela poluição industrial e contribui com cerca de 10% das emissões globais de CO2, com 17% a 20% da poluição global da água doce e que cerca de 25% dos pesticidas utilizados no mundo são aplicados no cultivo do algodão, faz todo o sentido fomentar a reutilização de artigos que se encontram em bom estado e que em muitas situações não chegaram sequer a serem usados.

Foi a pensar em tudo isto que surgiu a 4UseAgain. É importante que todos nós tenhamos a noção que as nossas ações podem minimizar os impactes no meio ambiente, desenvolvendo e promovendo comportamentos mais sustentáveis. 

 

Como é que as pessoas podem participar nesta economia circular através da 4UseAgain?

Ao confiar à 4UseAgain os artigos, o cliente/fornecedor está a potenciar a reutilização dos mesmos, permitindo assim que estes venham a ter um novo dono e uma nova utilização. Simultaneamente, ao adquirir artigos através do site, o cliente/comprador tem a oportunidade de comprar artigos únicos e de qualidade a preços mais reduzidos, contribuindo, também, desta forma para a redução do desperdício.

Quais os próximos passos para este projeto?

O site www.4useagain.com apresenta-se com um menu intuitivo que permite ao visitante “navegar”  de  uma forma fácil e prática. Possui também vários tipos de filtros de forma a permitir ao seu utilizador chegar de uma forma rápida ao artigo pretendido.

O site iniciou-se com artigos de moda para mulher, homem, menina, menino, desde vestuário, calçado e acessórios.

Posteriormente, foi lançada a área “Premium”, na qual o cliente pode encontrar artigos novos e com etiqueta, muitos dos quais provenientes de parcerias estabelecidas com várias lojas/fornecedores. Nesta fase de evolução da empresa foi também efetuada a  tradução do site  para inglês, permitindo, assim, a internacionalização da marca. 

Mais recentemente foi lançada uma área destinada à venda de livros de vários géneros literários. Brevemente o site servirá também de montra a artigos de decoração que deixaram de estar em exposição nas “nossas” casas, mas que se encontram em ótimas condições para serem reutilizados noutra habitação. Irá também contar com uma área inteiramente dedicada ao vintage (artigos de moda) e será traduzido para espanhol.

 

Onde é que as pessoas podem adquirir os produtos?

Os artigos da 4UseAgain podem ser diretamente adquiridos no site www.4useagain.com. Através do site é possível consultar a variedade de artigos comercializados (Premium, Moda e Livros), efetuar a compra bem como  o respetivo pagamento através: cartão de crédito, MBWAY e referência multibanco.  A expedição das encomendas é efetuada  após a validação do pagamento via CTT. Quando a encomenda é  expedida, o cliente recebe um e-mail de confirmação  e terá a possibilidade de efetuar o “Track & Trace” para acompanhar as informações de entrega.

Celina Marques, Ana Gaspar, Sandra Neto e Teresa Capítulo

Somos um grupo de quatro amigas empreendedoras – Celina Marques, Ana Gaspar, Sandra Neto e Teresa Capítulo, de várias áreas de formação:, gestão, sociologia, relações públicas e psicologia, respetivamente. Todas integradas no mercado de trabalho, com diferentes tipos de interesse que vão desde o prazer de estar em família e com os amigos, de viajar, de ler, de aprender ou praticar desportos na natureza e atividades radicais,  mas com o  interesse comum de dar uma segunda oportunidade ao que não está a ser usado. Ao potenciarmos a economia circular e o consumo sustentável, estamos a contribuir  em simultâneo para a redução da pegada ecológica.

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Com peças inovadoras e sofisticadas para pessoas que procuram diminuir o impacto ambiental através das suas escolhas de moda consciente, a marca made in Brasil lança a sua nova coleção GAIA, criada para celebrar mais de 20 anos da cultura de sustentabilidade da Osklen.

Guiada pelo conceito ASAPAs Sustainable As Possible, As Soon As Possible na produção de todos os seus produtos, a marca transmite a urgência da adoção de hábitos e práticas voltadas para o desenvolvimento humano sustentável, mediante a utilização de materiais com impacto positivo no ambiente. Assim, nesta coleção todas as peças feitas com e-fabrics, tecidos produzidos com materiais e processos sustentáveis, como PET reciclado, cânhamo e seda orgânica, lona eco, algodão reciclado e tricot handmade que, para além de serem resistentes e duradouros, têm um processo de produção que promove a economia circular e a limpeza do planeta e ainda reduzem as emissões de CO2 e consumos de água e energia face aos processos convencionais.

Pioneira na moda sustentável desde 1998, a marca compromete-se com o consumo consciente e a integridade socioambiental, incorporando o estilo e design a produtos éticos que inspirem cada vez mais pessoas a adotarem um estilo de vida mais equilibrado. Inspiradas nas cores da floresta amazónica com um verde floresta, o pleno tom terra, o preto e os ousados jambo e jabuticaba , GAIA apresenta peças versáteis como t-shirts, macacos, vestidos, blusas, casacos, calças, sweats e bolsas em pele de pirarurcu.

Toda a coleção assenta nos pilares de consciência ambiental com que a marca se identifica e cada peça tem uma componente sustentável que é reconhecida com uma das três bandeiras desenvolvidas pela marca – Regenerate Life, Redesign Waste, Respect our people. A primeira bandeira assenta sobre a recuperação e preservação da biodiversidade para manter a floresta viva e diminuir o impacto do aquecimento global. Redesign Waste é a bandeira que marca os artigos que promovem o reaproveitamento de resíduos, que atribuem um novo significado ao que é considerado lixo e que incentivam a economia circular, utilizando maioritariamente matérias primas recicladas. E por último, num contexto de valorização dos saberes, tradições, património sociocultural e igualdade de género, surge a bandeira Respect Our People com produtos que envolvem trabalhos manuais, artesanais e criativos. A identificação das bandeiras em cada peça permite ao consumidor perceber de que forma as suas escolhas impactam o mundo que o rodeia.

Produzida para honrar e celebrar a natureza, a coleção GAIA encontra-se disponível na loja física Osklen na Marina de Cascais e na loja on-line da Embau com PVP’s entre os 49€ e os 1.200€ para ajudar a alcançar o equilíbrio entre ações e impactos.

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Alda Ruivo é responsavel pela criação de uma marca de roupa em 2ª mão, a 3ciclo, que tem como objetivo promover a economia circular, reduzir o consumo e reutilizar os materiais. Ao falar com a Alda conseguimos perceber mais sobre o seu projeto.

Como surge a 3Ciclo e qual a origem do seu nome?

A minha avó materna era costureira modista e tinha 8 filhos. Eu sou a 3ª filha dum casal com 3 raparigas. A  roupa passava de uns para os outros e muitas vezes era transformada em roupa nova. Cresci a assistir a  projetos de reciclagem e recriação de roupa. Aprendi algumas noções de costura com a minha avó e com a minha mãe e eu própria também já fiz várias peças para mim e para oferecer. A ideia de criar a 3ciclo surge com o nascimento do meu filho. Eu, as minhas amigas e familiares criamos um ciclo de troca de roupa. Ainda assim, sobrava sempre muita roupa porque os miúdos nascem em alturas diferentes do ano e crescem muito depressa. Além disso, sempre que altero alguma peça, por norma essa passa a ser a que o meu filho mais gosta. 

Paralelamente a indústria da moda é uma das mais poluentes e vivemos numa altura em que assistimos ao incentivo ao consumismo e à cultura do fastfashion. Senti a necessidade de fazer alguma coisa para que o meu/nossos filho/filhos e netos tenham um planeta mais saudável. Por isso resolvi meter mãos à obra e ajudar da maneira que conseguir.  

Em relação ao nome, achei que necessitava de uma marca com um símbolo simples, com a qual os miúdos se identificassem e que ao mesmo tempo passasse a mensagem dos objetivos do projeto. Fiz alguma pesquisa e lembrei-me de um triciclo. Comecei a trabalhar no logotipo com o Moisés Oliveira do Núcleo Digital e 3 dias  depois encontrei um triciclo de madeira na rua sem uma roda. Achei muito engraçada a coincidência. Ficou 3ciclo que é uma abreviatura de triciclo. O meu amigo Henrique Silva que é professor na escola na Artesãos de Lisboa, restaurou o triciclo e hoje faz  parte da nossa decoração da loja/atelier físico.

Como tem sido a adesão por parte do consumidor?

Estamos na fase de crescimento. Abrimos a 15 de agosto. No primeiro mês convidamos os amigos para nos ajudar a melhorar o site e assim foi. Na prática começamos a trabalhar em setembro. Sendo uma loja online é  necessário apostar forte na divulgação. Dentro do nosso orçamento é o que temos feito. O ritmo de  crescimento tem aumentado de mês para mês. Estamos animados e motivados para continuar! É uma micro empresa, dentro dos recursos que temos, apostamos na qualidade e simplicidade do serviço, na  qualidade das peças que vendemos e na originalidade de algumas peças. E isso tem dado frutos.

 

Em que medida a 3Ciclo contribui para a sustentabilidade?

A 3ciclo ajuda a promover o consumo sustentável e a economia circular através dos produtos que compramos e vendemos. Estamos focados também em promover práticas sustentáveis e consciencializar para a necessidade de todos nós tomarmos esta questão da sustentabilidade com uma questão pessoal. Consumir de uma maneira cada vez mais consciente, reduzir o consumo e reutilizar materiais para bem do Planeta e de todos os que cá vivem.

 

Como é que as pessoas podem participar ativamente nesta economia circular através da 3ciclo?

Na 3ciclo as pessoas podem vender ou doar as roupas que já não servem às suas crianças e podem  também comprar novas peças que elas necessitem. Deste modo estão a promover a economia circular, sustentabilidade e ao mesmo tempo a poupar algum dinheiro para gastarem com as crianças no que mais gostam, por exemplo em atividades lúdicas ou culturais. No caso das doações estão a contribuir  para melhor a vida de algumas crianças também, uma vez que a doação reverte em dinheiro para apoiar uma das instituições que constam no nosso site.

Quais os próximos passos para este projeto?

A previsão de aumento de compra de roupa em segunda mão nos próximos 10 anos é de 17%.Queremos  continuar a crescer e ajudar a aumentar este valor.  

Acredito que a sustentabilidade tem uma dependência direta da emoção, economia e ecologia de cada um de  nós. Por isso queremos ajudar também nesta parte. Ajudar a arranjar em conjunto soluções de  sustentabilidade que sejam ecológicas para todas as pessoas. Ou seja, cada vez que alguém vai comprar um  produto sustentável ou reciclado, perceba e sinta que está perante a melhor compra, sendo os parâmetros: qualidade, tendência/trend, valor e sustentabilidade. É necessário que cada um de nós torne esta questão pessoal, a leve para dentro de casa e para fora também, em todos os sectores da economia. Que cada dia seja um bom dia para ajudar. Só deste modo podemos reverter a situação crítica em que se encontra o Planeta. 

 

Onde é que as pessoas podem adquirir os vossos produtos?

As pessoas podem adquirir os nosso produto no nosso site https://3ciclo.pt e na nossa loja/atelier física  na Rua Padre António Bianchi Nº88, 2600-605 Castanheira do Ribatejo.

Na adolescência tirou o curso de nadador salvador com o objetivo de ajudar a proteger as praias da Ericeira, vila que a viu nascer desde 1973. Serviu Portugal durante 7 anos, exercendo a função de condutora de articulados e gestão de frota no Exército Português. Adquiriu conhecimentos em várias áreas de negócio no setor das telecomunicações o que deu uma visão holística de grande utilidade para a função de Gestão de Projetos que desempenhou nas Direções de Consumer da NOS através da Rhmais, saiu após 13 anos. 

Frequentou o curso de Psicologia Social e Organizacional do ISCTE. Reforçou conhecimento em áreas do seu interesse e importantes para o projeto que desenvolve atualmente através dos diversos cursos. Hoje aplica tudo o que aprendeu para continuar a desenvolver o seu projeto que é a 3ciclo, uma loja de roupa em segunda mão de criança com consciência sustentável.  

Tem como bandeira a sustentabilidade, a nossa e a do planeta e como lemas: “As crianças em primeiro!” e “Juntos somos mais”.

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A reCloset, uma plataforma online de moda em segunda mão que já entrevistamos, e a Miosótis, o principal mercado bio português, inauguram hoje um espaço de venda conjunto, num projeto piloto numa das lojas de Lisboa.
Este é o resultado de uma parceria entre ambas as marcas, e que procura levar a moda em segunda mão aos clientes Miosótis, acrescentando desta forma uma nova oferta de produto à marca que visa promover a sustentabilidade.

Espaço reCloset na loja Miosótis

O espaço reCloset situa-se na loja Miosótis da Rua Latino Coelho, em Lisboa, no seu interior. Está devidamente identificado e terá uma oferta diversificada de peças de roupa e acessórios em segunda mão, para mulher e homem.
Assim, será possível, aos clientes Miosótis, fazerem compras de moda mais sustentáveis, quando vão fazer as suas compras de mercearia e frescos biológicos habituais.
Além disso, o mobiliário presente no espaço foi desenvolvido com preocupações ambientais, numa solução à medida feita de resíduos plásticos urbanos, num produto 100% reciclado, substituto da madeira e da pedra.

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ISTO.: como surgiu a marca e o que pretende entregar aos seus consumidores?

A ISTO. surgiu devido à crescente frustração dos fundadores da marca com a forma como se processa a confeção e a venda dos produtos da moda a retalho, o que os levou a acreditar que havia uma oportunidade de um novo começo, inspirado em marcas sofisticadas, mas que proporciona aos consumidores algo mais.

Assim, o foco tornou-se em chegar aos consumidores com uma resposta prática, acessível e premium, ajustada a todos aqueles que exigem melhor qualidade por um preço inferior. Foi isso que levou a marca a trabalhar com os melhores fornecedores e fabricantes têxteis em Portugal e levou a tornar realidade a ISTO. em junho de 2017.

ISTO.

Qual a origem do nome da marca?

O nome ISTO. tem origem nos principais valores da marca. É acrónimo de Independent, Superb, Transparent, Organic.

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Sendo um dos pilares fundamentais da ISTO. a transparência, falem-nos um pouco sobre a importância deste conceito para a marca e em que consiste na prática.

Cultivamos uma relação totalmente transparente com os consumidores. Ou seja, quem compra na ISTO. fica a conhecer o custo de produção de cada peça antes de a adquirir, desde os materiais à produção, bem como aquilo em que será investido o proveito resultante da venda, sendo ainda convidado a participar na iteração das peças atuais e no desenvolvimento de novos produtos.

Esta prática garante uma relação totalmente transparente com os consumidores, que cada vez mais procuram opções de moda sustentáveis e que tenham práticas de produção honestas e responsáveis.

transparência isto

Que tipo de peças podemos encontrar na ISTO. e quais são as suas principais características?

Cada novo lançamento é pensado para responder às necessidades de quem procura os essenciais do dia-a-dia com a melhor qualidade e sustentabilidade. Procuramos básicos de moda que poderiam ser melhorados e trabalhamos neles até sentirmos que estão perfeitos — qualidade acima de quantidade.

O resultado final é uma coleção crescente de materiais orgânicos e naturais que são feitos para parecer incríveis, vestem perfeitamente e com maior durabilidade. Começámos com uma camisa e uma t-shirt para homem e hoje contamos com calças, calções, casacos… tanto para homem como para mulher.

Todos os materiais utilizados são 100% orgânicos e com uma gramagem e grossura de fio que confere ao produto a melhor qualidade possível. Os materiais utilizados na produção das peças são Algodão Orgânico, Linho, Algodão Reciclado, Algodão Pima e Tencel. As certificações incluem a GOTS (Global Organic Textile Standard) e a GRS (Global Recycled Standard).

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As peças da ISTO. são produzidas em Portugal, mas comercializadas para o mundo inteiro. Qual consideram ser o principal motivo para o sucesso dos vossos artigos?

Acreditamos que está a haver uma mudança no mindset dos consumidores, que se aperceberam das consequências da fast fashion tanto no ambiente como nas pessoas envolvidas nos processos de produção das roupas. Isto fez com que muitas pessoas procurassem opções sustentáveis e, sendo Portugal um país onde a indústria têxtil é tão reconhecida, fez sentido para muitas pessoas investir em peças produzidas em Portugal, de forma ética.

Claro que isso também tem a ver com a transparência que passamos, dando a conhecer as fábricas com as quais trabalhamos, onde todas as peças são produzidas com os mais altos padrões de responsabilidade social e políticas de trabalho. Temos muitos clientes a elogiar a nossa política transparente e compromisso de sustentabilidade, o que nos deixa muito felizes!

ISTO._Produção

Garantem a neutralidade carbónica ao nível da distribuição das vossas encomendas tanto para países-membros da União Europeia como a restante nível internacional. De que forma concretizam este compromisso?

Através do nosso parceiro de entregas internacionais, utilizamos um serviço que compensa as emissões de gases de efeito de estufa por meio de investimentos em projetos de proteção climática internacionalmente reconhecidos.

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Olhando para o futuro da ISTO., que outros objetivos gostariam de alcançar enquanto marca sustentável?

A ISTO., apesar das limitações financeiras e de escala que impossibilitam grandes desenvolvimentos, está a fazer esforços em três áreas:

Na área da transparência, queremos encontrar novos ângulos e práticas que sejam interessantes para o consumidor conhecer mais. Estamos também focados em encontrar novos materiais, mais sustentáveis e duradouros e com menos impacto. Por fim, a qualidade dos produtos é crucial. Para nós, é elemento principal da sustentabilidade. Já falhámos, já fizemos muito bem. Mas acima de tudo procuramos melhores produtos que durem mais tempo.

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Quem pretende adquirir as peças da ISTO. onde o pode fazer?

As peças da ISTO. estão disponíveis online em https://isto.pt e em três lojas físicas em Lisboa: Campo de Ourique, Embaixada no Príncipe Real e Chiado.

ISTO.

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O que alguns consideram “lixo”, outros consideram “luxo”.  No meio de retalhos de tecidos e botões antigos nasceu a Daniela Ponto Final. Esta marca portuguesa dá uma nova vida à matéria-prima que já existe, produzindo peças únicas e cheias de personalidade.

Daniela Duarte contou-nos a sua paixão por transformar materiais antigos em peças jovens e atrativas nos dias de hoje. A oferta da indústria da moda não a satisfazia, e por isso criou a Daniela Ponto Final para que quem usa as suas peças nunca se sinta “mais um(a)”.

A Daniela Ponto Final nasceu em 2010, numa altura em que a sustentabilidade não tinha o peso que hoje tem na indústria da moda. De onde veio a ideia para esta marca que desde o início assumiu um compromisso sustentável?

Na verdade, a marca surgiu como uma necessidade pessoal de dar resposta às minhas expectativas relativamente ao vestuário e enquanto consumidora de moda. Desde muito pequenina que vestia (e ainda visto!) peças de roupa feitas pela minha avó Fernanda, cresci no meio dos “trapos” e dos sapatos nos negócios da família e, talvez, de alguma forma, esse contexto tenha influenciado o meu percurso. Não me identificava com a oferta da indústria, nunca quis ser “mais uma” na forma como expressava através do guarda-roupa e, como tal, quando comecei com a daniela ponto final também não faria sentido traçar o rumo de outra forma.

Comecei por produzir peças para mim com a ajuda preciosa da minha avó e com restos de tecidos das clientes dela, ou com pequenos retalhos comprados em comércio local e, na verdade, não tendo o compromisso ético e moral da Sustentabilidade na Moda assumido, todo o processo e caminho tem sido esse desde o começo; fornecedores locais, preferência e valorização da produção local (costureiras em casa e/ou pequenas confeções familiares), condições e remuneração do trabalho adequados, eu própria vou para a máquina de costura, produções de pequena escala, peças únicas, personalização dos produtos como serviço prestado aos clientes…atualmente leciono Sustentabilidade na Moda na ESART-IPCB e há medida que preparava as aulas teóricas, dava comigo a reconhecer e validar muitas das opções que fui tomando e acredito serem mais corretas nesta área no que diz respeito ao meu trabalho.

DPF retalhos de tecidos

“O que fazer com o que já existe?”: esta questão retrata um dos desafios da sustentabilidade, e um tema importante para a Daniela Ponto Final. Na prática, de que forma esta preocupação esta presente na marca?

Pessoalmente, sou fã do “antigamente”, adoro visitar o armário da minha avó, tenho imensas saudades das histórias que o meu avô Armando contava e que hoje, com Alzheimer, só as memórias de infância me permitem reconfortar o coração de alguma forma, adoro visitar feiras de antiguidades, a própria imagética que crio quando estou em contacto com objetos, música, as páginas amarelas e dedicatórias nos livros em segunda mão, tudo isso é material para me fazer viajar para outros tempos que não forma os meus. É inacreditável a quantidade de coisas que as pessoas adquirem e rapidamente as descartam! Costumo dizer que “Lixo é Luxo” e acredito mesmo nisso! É só prestarmos um bocadinho mais de atenção, permitirmos abrir e relaxar os sentidos e encontramos autênticos tesouros!

Há imensa matéria-prima, excedentes de confeções maiores, tecidos há anos em prateleiras nas retrosarias, botões e outros aviamentos, porque não trabalhar com o resto dos outros? Não posso ter um trabalho de autor por dar uso ao que já existe e não serve? Porquê? Quanto mais antigo, mais desafiante é para mim, até para o tornar atrativo novamente nos dias de hoje… além disso,  a “Moda” é um ciclo, tudo se repete e todos nós somos reflexo de várias influências.

 

A Daniela Ponto Final apresenta peças únicas que combinam diferentes cores e padrões. Qual é a fonte de inspiração para criar estes artigos?

Acho que já respondi um bocadinho sobre isto anteriormente, mas também é um processo muito intuitivo, de improviso…tenho sempre que ter os materiais comigo e só depois permito-me “ouvir” as suas histórias e propor-lhes de igual forma as “minhas histórias”. Desenho, planifico, mas a maior parte das vezes improviso sempre durante a modelagem e confeção e até no acabamento das peças…

 

Quais os principais desafios que encontrou enquanto designer de uma marca de slow fashion portuguesa?

Antes de mais, foi tentar perceber se faria sentido para mim , assumir o ritmo da indústria como hoje ela nos chega.

Uma peça de roupa, para mim, é muito mais do que um pedaço de pano para cobrir o corpo. É uma extensão da minha personalidade, crio laços emocionais com as peças e custa-me muito desfazer-me até da sobra do corte das peças que produzo na marca… Se, numa primeira fase ponderei essa abordagem no meu trabalho, seguir os calendários e coleções intermináveis, a verdade é que me estava a contrariar, para não falar do esforço e exaustão mental enormes e fisicamente também é bastante violento. Em 2016, tive uma experiência menos boa devido ao ritmo que seguia, poucas horas de sono, demasiadas horas de trabalho, acabei em fisioterapia facial, muito menos café e fui obrigada a abrandar. Percebi que se eu demorar mais um bocadinho, o mundo não vai parar de girar, o cliente daniela ponto final também não adquire uma peça porque “precisa”, mas porque pretende algo diferente, que vai para além de seguir tendências… Respeitar os ciclos dos processos, das pessoas, dos materiais, faz muito mais sentido para mim.

 

O que caracteriza o público-alvo da Daniela Ponto Final? Que tipo de peças mais procura?

Para mim é um bocadinho difícil responder a essa pergunta, porque é que tenho que excluir alguém? Prefiro o contrário, quem escolhe dizer “é daniela ponto final” fá-lo de forma consciente, sem receio de julgamentos por misturar grafismos ou “abusar” na paleta cromática…a vida já é tão aborrecida para acrescentar mais limites ou barreiras… é uma forma de estar, “é daniela, ponto final!”

As camisas das séries DANIELA’SHIRT são sem dúvida o produto com mais procura pelo público.

 

Que perceção ambiciona que as pessoas tenham quando usam uma peça da Daniela Ponto Final?

Eu gosto mesmo muito do que faço, vai para além do “amor à camisola” e, talvez por isso, me zangue muitas vezes com os trapos e sinta necessidade de parar e experimentar outras coisas… invariavelmente acabo sempre por trabalhar com tecidos e trabalhar muito com as mãos, valorizar cada vez mais as técnicas artesanais de produção e ornamentação do vestuário… tenho tido a sorte de estar envolvida em alguns projetos criativos e com uma forte componente social, a convite da Associação de Jovens Ecos Urbanos, São João da Madeira (e estou mesmo muito grata à Maria João Leite) pelos convites nos últimos anos, e que me tem permitido conhecer pessoas (a maior parte tornam-se avós adoptivas) e ouvir, ouvir o que têm para contar… ainda mais na situação pandémica em que vivemos, num isolamento forçado… faltam as emoções!… é importante para mim que as pessoas saibam que existe uma Daniela e que essa Daniela é todas as “Danielas” no processo. Existem pessoas que fazem acontecer, não são máquinas, leva tempo, mas esse tempo é dedicado a cada uma das pessoas que veste e diz “é daniela ponto final!”

Continuo a crer que ter amor naquilo e por aquilo que fazemos faz toda a diferença e não seria capaz de propor e assinar uma peça se não tiver sido feito com esse super ingrediente!

DPF retalhos de tecidos

Onde podemos encontrar a Daniela Ponto Final à venda?

daniela ponto final está disponível no website da marca, mas também nas redes sociais Facebook e Instagram (@adanielapontofinal) e com um retorno muito mais rápido do que no próprio site. Fisicamente, é possível encontrar daniela ponto final no Porto, na CRU-LOJA (Rua do Rosário 211), sob a curadoria das maravilhosas Virgínia França e Tânia Santos.

Daniela Duarte

Daniela Duarte, natural de São João da Madeira (1987), é Designer de Moda e fundadora da marca “Daniela Ponto Final” (2010).
Assistente Convidada pela Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, leccionou e lecciona unidades curriculares afectas à Licenciatura em Design de Moda e Têxtil, como Design de Moda, Sustentabilidade na Moda e Confecção.
Artista Convidada pela Associação de Jovens Ecos Urbanos na integração do “Projecto Habitus” com o grupo de trabalho da Oficina de Costura da Associação Mente em Movimento (2020/2021 – a decorrer); Residência Artística “Bordado A Matiz”, designer convidada pelo Centro Regional de Artesanato dos Açores (2019/2020).
Formadora e dinamizadora do Workshop “Tecelagem Improvisada” (2019); Artista Convidada pela Associação de Jovens Ecos Urbanos na integração do Projecto Labirinto Sensorial com as obras “Bolo de Laranja à Hora do Chá” (Bordado em Fotografia com o grupo de trabalho Clube de Tricôt do Orreiro) (2019) e “Never Ending – Knitting Ambience” (maxi tricôt com desperdício têxtil com o grupo de trabalho Clube de Tricôt do Orreiro) (2018).
Oradora convidada pela Universidade da Beira Interior no âmbito das Jornadas de Moda – Fashion Revolution Portugal (2018); Formadora convidada pela Sanjotec em co-promoção do workshop “Costura Criativa” no âmbito do programa internacional TCBL (2017).
Oradora convidada pela Universidade Aberta e Associação de Jovens Ecos Urbanos na tertúlia “Empreendedorismo no Feminino” (2016); Oradora convidada pela Fibrenamics em parceria com a Universidade do Minho na tertúlia “Do Conhecimento ao Mercado – Moda” (2015); Apresentação e venda ao público da marca “daniela ponto final” na Pop-Up Store WonderRoom ModaLisboa no período decorrente entre 2013 e 2018.

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Moda sustentável, criativa e atemporal. Estas são características que retratam a Marita Moreno. Uma marca portuguesa que tem feito um percurso a nível da sustentabilidade que tem-lhe conferido reconhecimento a nível internacional. Recentemente, recebeu um prémio atribuído pelo Global Footwear Awards e foi ainda nomeada para o Green Product Award, a única marca portuguesa candidata na categoria de moda.

À conversa com Marita Setas Ferro fomos conhecer um pouco do processo criativo destas peças únicas e exclusivas, e compreender como é percecionado o selo “Made in Portugal” a nível internacional.

Nasceu em 2008 mas foi em 2018 que a marca aprofundou o seu compromisso com a sustentabilidade. Como surgiu a Marita Moreno e o que originou a necessidade desta mudança posterior?

A Marita Moreno nasceu em 2008, como resposta à necessidade que senti em articular 3 áreas em que trabalhava e dava formação – escultura, design de moda e artesanato – em produtos de moda, neste caso vestuário. As peças de vestuário que desenvolvia e apresentava eram únicas ou series limitadas, com um design diferente e impactante, com intervenção artesanal têxtil, modeladas e confecionadas por mim – apercebi-me que a ligação e aplicação do artesanato têxtil português a produtos de moda não existia e com a riqueza que nós temos a nível dos têxteis em Portugal, seria muito interessante lançar uma marca com esses princípios – usar os têxteis tradicionais portugueses e as técnicas artesanais têxteis, em produtos de vestuário únicos e que este seria o futuro.

Em 2015 decidimos fazer um rebranding da marca e iniciar o trabalho com acessórios – sapatos e bolsas. Sempre defendemos princípios de sustentabilidade e éticos, responsabilidade social e transparência na produção e processo de desenvolvimento, ou seja, trabalhar com produção local e nacional, com a cultura e o património português, com artesãos e usar matérias primas endógenas e nacionais, são princípios que defendemos desde o início e por isso consideramos que nos preocupamos com a responsabilidade que tínhamos como marca, desde sempre.

Em 2017 percebemos e fomos também conhecendo uma serie de materiais mais sustentáveis que passamos a utilizar nas coleções a partir de 2018, como por exemplo a cortiça e o biocouro. E desde aí temos sempre vindo a aprofundar os nossos conhecimentos em materiais sustentáveis e a aplicar esses conhecimentos no design e produção das nossas peças.

moda sustentavel

Quais foram os desafios que encontraram quando decidiram ser uma marca mais amiga do ambiente?

Os desafios são sempre grandes e é preciso muita persistência e resiliência. Penso que existem dois grandes desafios: a montante sem duvida que são os novos materiais sustentáveis e ecológicos, a sua aplicação, a capacidade de criar novos produtos com materiais ainda muito recentes com todos os problemas inerentes, ou seja somo um laboratório onde fazemos parte do desenvolvimento de produtos inovadores com materiais inovadores; a jusante a capacidade que o mercado tem para entender a vantagem de comprar produtos sustentáveis e ecológicos, o porquê de serem produtos com um valor mais elevado – produção nacional, recursos endógenos, design inovador, linhas limitadas, materiais novos e sustentáveis – tudo isto são fatores que têm elevados custos que o mercado por vezes não compreende e ainda não esta disposto a pagar. Felizmente, neste último ano, sentimos um interesse enorme e um grande crescimento na vontade de aquisição de produtos sustentáveis, por isso estamos muito felizes sabendo que estamos a construir um caminho muito importante para uma maior sustentabilidade nacional e mundial!

 

Como é feita a escolha dos materiais e fornecedores? Que aspetos são mais valorizados ou mesmo imprescindíveis?

A escolha dos materiais é feita por mim – vou tomando conhecimento dos materiais que aparecem em feiras técnicas como a Mod’tissimo, da Selectiva Moda e estou inscrita em várias plataformas sustentáveis e de novos materiais, por isso fazemos uma investigação diária do que se vai fazendo de novo na área do sustentável, a nível nacional e internacional. Os materiais têm que ser sustentáveis – de origem natural ou reciclada, feitos em fábricas legais que cumpram com os critérios de legislação laboral corretos, com certificação e que estejam classificados positivamente em plataformas de avaliação sustentável. Os fornecedores são também escolhidos pelos seus materiais, visitamos as instalações e percebemos se são ou não adequados para trabalhar connosco. Privilegiamos os fornecedores nacionais, mas caso existam materiais que não são produzidos em Portugal devido à matéria-prima ser endógena de países distantes – pinatex, malai, bananatex, desserto – vamos procurá-los onde esses materiais são feitos da forma mais sustentável, procurando todos as informações disponíveis e solicitando envio de certificações e imagens ao vivo.

Para nós é fundamental percebermos quais as matérias-primas usadas na fabricação dos materiais, como foram obtidas, onde, por quem são feitos e de que forma. Na produção só trabalhamos com artesãos com carta de artesão e certificados e com fábricas que cumpram com a regulamentação de trabalho e de ambiente. Devido à forma cuidadosa como trabalhamos, obtivemos a certificação da PETA na nossa linha vegan, sendo também um fator importante na credibilidade da marca.

 

Os produtos da Marita Moreno apresentam um design atemporal, pensados para durar e não seguir tendências. Onde encontra a inspiração para criar novos artigos?

Preocupo-me muito com o processo criativo, com a introdução da cultura e do património português no design dos produtos, com os materiais que usamos e com a durabilidade dos nossos produtos. Com todos estes aspetos sempre presentes, a inspiração é o aspeto que faz a diferença de uma coleção para outra e que exterioriza o meu pensamento criativo e o cruzamento das áreas que eu gosto – design, arte, cultura, artesanato, arquitetura, literatura… A inspiração encontro-a nos livros que leio, nos filmes ou series que veja, em personagens marcantes, em animais do mar, em esculturas e pinturas que são marcantes para mim, em texturas da natureza… tudo para mim podem ser inspirações. A forma como os meus olhos vêm e o meu cérebro (treinado duma forma criativa) regista, interpreta e conjuga todas estas informações cruzando com paletas de cores, formas e volumes é que faz a diferença no design dos nossos produtos e por isso a diferença que temos de outras marcas – todos os criativos vêm de maneira de diferente e pensam de forma diferente e por isso as marcas têm uma identidade tão própria como as dos seus criativos.

sapato nomeado moda sustentavel

O modelo de sapato Dali Azores está nomeado para o prémio internacional de design sustentável Green Product Award 2021. Sendo a única marca portuguesa candidata na categoria de moda, o que significa esta nomeação para a Marita Moreno?

A nomeação que a marca teve para este prémio é muitíssimo importante – o Green Product Award é um dos prémios internacionais mais importantes na área da sustentabilidade e conseguir que um sapato nosso seja nomeado para finalista numa categoria de moda significa que a marca é reconhecida internacionalmente como uma das melhores na área da sustentabilidade. Significa também que estamos a fazer um excelente percurso e trabalho na que respeita à sustentabilidade e que os resultados estão a ser reconhecidos internacionalmente.

Aproveitamos para referir que nos foi atribuído no dia 10 de Abril, pelo Global Footwear Awards, na categoria Profissional, o prémio Ethical Manufacturing/Sustainable Manufacturing Process: Silver in Sustainable manufacturing process, Bronze in Mules, Bronze in Supporting local communities footwear business, Bronze in Bio-fabricated materials, Bronze in Fair wage footwear business – para nós foi mais um reconhecimento internacional de grande importância, dado que o Global Footwear Awards oferece reconhecimento em todas as categorias de calçados, da Moda ao Desporto, e em todas as fases de desenvolvimento, do design ao processo de fabricação e homenageia os melhores do setor, abordando criatividade, inovação, sustentabilidade e impacto social. O painel do júri é composto por profissionais líderes da indústria vindos da indústria de calçado, imprensa, retalhistas, instituições e influenciadores, fornecendo uma perspetiva geral da indústria para a seleção do melhor design, incluindo profissionais da Puma, Nike, Adidas, Vera Wang, Prada, Vogue Italia, Royal College of Art, assim como a Diretora do Museu do Calçado, em São João da Madeira.

 

Qual o perfil dos clientes da Marita Moreno? Como o caracterizam?

Temos 2 coleções – Homem e Senhora – a maior incidência é na coleção feminina, mais diversa – temos as linhas limitadas e as linhas não limitadas, enquanto no homem só temos as linhas limitadas. O nosso mercado divide-se cerca de 80% a 85% senhora e o restante homem. E temos clientes desde jovens em idade adulta a senhoras com quase 80 anos, o que é ótimo, pois a nossa cliente gosta de design e objetos diferentes, peças numeradas e únicas, confortáveis, com um design contemporâneo e distinto; o nosso cliente homem gosta de com qualidade, peças numeradas, com um design que se diferencie. Temos consumidores espalhados por todo o país e também com excelente reação em Espanha, França, Alemanha, Dinamarca, EUA e Austrália.

Marita Moda Sustentável

Sente que a maioria dos clientes chegam por serem uma marca sustentável, com um design exclusivo ou coleções limitadas?

Penso que a combinação de sermos uma marca sustentável com um design exclusivo é a fórmula certa para conseguirmos ter sucesso com os nossos produtos. A nível de consumidor final, sentimos que desde o início de 2020 que a sustentabilidade da marca é um fator preponderante na escolha dos nossos produtos, a escolha dos retalhistas recai mais no design e na qualidade dos nossos produtos. Sentimos também que a forma como estamos presentes nas redes sociais é fundamental para que os consumidores e os retalhistas percebam a consistência nos princípios que defendemos e que temos mantido na marca.

 

A Marita Moreno é uma marca portuguesa, mas também para outros países dentro e fora da Europa. Sente que os artigos “Made in Portugal” têm um peso relevante a nível internacional?

Sem dúvida! Quando falamos da qualidade de produção do sector do têxtil e do calçado na Europa, esta está intimamente ligada ao “Made in Portugal”. A qualidade do calçado feito em Portugal é excelente e somos procurados por todas as grandes marcas que pretendem produzir com qualidade. Acho que o próximo passo em que teremos todos de investir será o “Designed in Portugal” – apostar mais na capacidade criativa e na criação de marcas, pois temos produtos excecionais, com um design incrível que muitas vezes não conseguem ter a visibilidade e projeção a nível nacional e internacional que poderiam ter.

Foto Perfil MM

Marita Setas Ferro
Manager & Creative Director
Marita Setas Ferro é Manager & Creative Director da marca de moda portuguesa Marita Moreno. Sempre esteve envolvida na indústria da moda e outras áreas relacionadas: Professora de Design de Moda durante vários anos na Árvore Arts School no Porto, Portugal; e Escultora, com peças de arte relacionadas com a moda feminina. Além de liderar a marca, desenvolve ainda trabalhos e projetos na área de formação e ensino de moda.

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Duas amigas, com largos anos de experiência no mundo da moda, decidem começar a sua marca em plena pandemia.

O que as diferencia? Usam restos de fios das grandes marcas, para criar camisolas feitas por tricoteiras em Portugal. Lê tudo na entrevista.

 

Quem é e como surgiu a Thinking G? 

Thinking G foi criado por duas amigas, daí a confiança e suporte ser o núcleo da companhia.

Muitos de nós, durante a pandemia, tivemos mais tempo para refletir sobre as metas da nossa vida e repensar os nossos valores. Nós tivemos uma ideia de criar uma marca comercial de moda, contudo sabíamos desde o princípio que não será só mais uma peça de roupa no mercado da moda.

Nós acreditamos que tudo que criamos deve ter um significado. A principal e primeira ideia estava relacionada à produção sustentável. Ambas trabalhávamos na indústria da moda, por isso sabíamos que usualmente as marcas não utilizam os seus tecidos ou os seus fios de lã até ao fim, existem sempre sobras. Depois de encontrarmos os parceiros, a ideia foi completada e a Thinking G nasceu na forma com agora a vemos.

 

moda com restos de fios

 

Alguém que veja pela primeira vez a Thinking G, que percepção ambicionam que tenha imediatamente? 

Para aqueles que vêm a peça de Thinking G pela primeira vez, nós gostaríamos que olhassem além.

Queremos que as pessoas vejam o produto de alta qualidade e todo o trabalho para de trás dele. Nós gostaríamos que esta peça faça as pessoas perceberem que uma camisola de fio de lã natural pode substituir 4 camisolas de poliéster de produção de massa, e que uma peça manualmente feita não quer obrigatoriamente dizer que está fora de moda.

Claro que queremos que as pessoas compreendam que uma certa atitude consumista não prejudica, mas ao contrário, pode ajudar a planeta. Todavia Thinking G é acima de tudo um lindo produto de moda, por isso que tal o simples “wow” com primeira impressão?

 

A Thinking G assume uma missão de desperdício zero na produção de roupa. Podem explicar-nos como o fazem?

THINKING G – a marca que dá às sobras a atenção que elas merecem. Acreditamos que o nosso conceito principal merece atenção e deveria tornar-se numa prática amplamente usada a nível mundial.

Nós usamos as sobras dos fios quais compramos das marcas de luxo ou de fábricas que fabricam para tais. Infelizmente, 1-2 kg das sobras do fio podem ficar armazenadas para sempre, mas nós ficamos felizes de lhes poder dar uma segunda vida.

Após ter comprado os fios, os mesmos têm de ser limpos e dobrados para ficarem prontos para as nossas artesãos.

Desperdício zero na produção mundial pode parecer uma utopia por agora, a qual não nos impede de dar os primeiros passos para o realizar. 

Tanto as marcas como as fábricas seguem a ideia de redução de desperdício ou simplesmente querem livrar-se das suas sobras, geralmente ficam felizes em colaborar.

 

moda feita por tricoteiras com restos - thinking g

 

Em relação à produção, que acreditamos possa ter especificidades, como a asseguram?  

Nós desenhamos os modelos em Paris, mas não os fazemos. Trabalhamos com senhoras tricoteiras, que fazem as malhas para nós cá em Portugal. 

Trabalhamos exclusivamente com o fio natural: alpaca, caxemira, merino, lã.

O fio comprado é indicado para trabalhar em máquinas e daí ser demasiado fino. Então tem de ser dobrado para tricotar à mão (pode se fazer manualmente ou com a máquina especial).

Depois passamos o fio dobrado à artesã, que normalmente demora de 20 a 30 horas para fazer uma peça.

 

Que impacto tem para a cliente a utilização de sobras de fio na produção das peças de roupa, no conforto e durabilidade?

Os materiais que usamos para fabricar as nossas roupas são fundamentais para honrar o valor da nossa marca. Nós colaboramos com marcas de luxo e fabricantes de roupa ao comprar os restantes fios de lã, os quais eles não planeiam usar para as próximas coleções.

O montante que compramos varia de 800g até 5 quilos por fio, que pode ser considerado uma sobra à escala de uma grande produção, mas é um puro tesouro para nós e para o cliente. Por vezes é suficiente para criar só um modelo que significa que podes ser a proprietária de uma peça que é única. 

 

thinking g - moda com restos

Como caracterizam as vossas peças, para que tipo de mulher são?  

A mulher Thinking G é uma mulher atenciosa! A mulher que aprecia qualidade sem sacrificar o estilo.

Ao mesmo tempo ela não corre atrás das tendências da moda, mas prefere ser a possuidora da uma roupa que vai durar através do tempo. Ela valoriza a exclusividade, pois cada peça Thinking G manufaturada não pode ser copiada.

 

De que forma a parte social está incorporada na Thinking G? 

Nós tentamos não só ser ambientalistas, mas também socialmente responsáveis ao apoiar a comunidade das mulheres de várias maneiras.

Em conjunto com a nossa equipa de tricoteiras, nós produzimos roupas em Portugal. Leva horas de trabalho de precisão e dedicação para criar uma peça manualmente tricotada. Pode ser o trabalho a tempo inteiro para algumas tricoteiras ou o tempo parcial para outras, nós ficamos felizes por encorajar o seu trabalho ao pagar-lhes um valor justo.  

Também cooperamos com a “Woman Foundation”, que apoia mulheres que sofrem de violência doméstica, ao providenciar com suporte jurídico e financeiro. Nós por vezes queremos ajudar, mas não sabemos como fazê-lo. As nossas clientes podem encontrar informação mais detalhada e contatos no nosso website

 

São uma marca que nasceu em plena pandemia, que todos os estudos indicam esteja a marcar mudanças no tipo de consumo das pessoas. Como imaginam o futuro da moda e quais as expectativas da Thinking G? 

O mundo da moda está a mudar drasticamente neste momento. Apesar de cada marca estar a proclamar a sustentabilidade, por vezes essas declarações são falsas, mas também existem muitas marcas que realmente mudam a atitude delas e lançam iniciativas ambientalmente e socialmente responsáveis.

Há cada vez mais plataformas para marcas sustentáveis, mais bloggers a apoiar a comunidade, e por último, mas não menos importante – nós começamos a ter clientes que se preocupam com estes ideais. Estes clientes estão dispostos a comprar roupa feita eticamente, concluindo que não é uma questão de grande mudança na sua atitude, mas somente uma simples escolha de roupa que ao mesmo tempo se torna numa entrada para algo maior. Como uma passagem de “Thinking Good” para “Thinking Global”.

Thinking G nunca será enorme e não é esse o nosso objetivo. Nós sonhamos com uma produção com o mínimo de desperdício e sobre uma comunidade das mulheres que partilham os nossos valores.

Nós usamos o hashtag que nos ajuda a identifica-las #spottinggthinkers e estamos felizes ao ver esta comunidade a crescer. 

Viktoria and Liliia

Fundadoras da Thinking G

Duas personalidades diferentes com caminhos muito parecidos. Ambas tiraram o Master degree em tradução em Kyiv, Ucrânia, onde aprenderam varias línguas estrangeiras e ambas continuaram os estudos e tiraram o outro degree em Marketing das Industrias de Luxo em Paris, França. As graduadas continuaram os seus estudos ao trabalharem em retalho e venda por grosso para grandes marcas de moda e também para independentes desenhadores de moda contemporâneas.

Em março 2020 estava mais do que na altura de dar o passo seguinte na carreira para ambas, para ver o que pode nascer de uma longa e duradora amizade – e já em Novembro 2020 a marca Thinking G foi lançada.

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As marcas fast fashion têm adotado a introdução de linhas de moda sustentáveis. Fomos falar com a Maria Beatriz Costa, que realizou uma tese sobre o tema, para compreender melhor este fenómeno.

 

 

Em que consiste a fast fashion?

 

O conceito de fast fashion surgiu depois de 1980, quando a indústria da moda começou a ser moldada pela necessidade constante do consumidor de adaptação às tendências. Neste sentido, as empresas começaram a adaptar os seus processos de produção, através da redução do ciclo de vida dos seus produtos para responder com mais eficiência e rapidez às necessidades de moda do consumidor.

Como resultado, surgiu o modelo de fast fashion que tem como foco o crescimento económico e caracteriza-se pela oferta de artigos de baixo preço dentro das últimas tendências de moda através da otimização dos processos necessários para trazer os produtos ao consumidor final.

Neste seguimento, a Zara e a H&M surgem como representantes deste modelo. Estas empresas conseguiram tirar partido das suas cadeias de fornecimento flexíveis, alterando com frequência os seus inventários, de modo a adotarem uma resposta mais rápida às tendências. A título de exemplo, a Zara produz mais de 20 coleções todos os anos.

 

As marcas não podem continuar apenas focadas em terem um bom desempenho económico e os consumidores devem ser mais conscientes, não só nas compras que fazem, como também nas ações que tomam

 

Há uma evolução na indústria da moda no que diz respeito à sustentabilidade?

 

No que diz respeito à sustentabilidade, a indústria da moda, particularmente as marcas de fast fashion, têm-se focado principalmente na sustentabilidade económica, desconsiderando os impactos negativos no ambiente e sociedade como a emissão de gases de efeito estufa e consequentes alterações climáticas, a poluição da água e solos e a existência de sweatshops onde as condições de trabalho são bastante precárias.

Contudo, nos últimos anos, sendo cada vez mais evidentes os impactos negativos desta indústria, houve uma mudança na indústria da moda, tendo sido colocado uma maior ênfase na sustentabilidade ambiental e social. Particularmente, surgiram novos modelos, como o slow fashion, que se focam numa abordagem holística na implementação da sustentabilidade no ciclo de vida dos produtos.

Para além disso, foram criadas várias campanhas globais de sustentabilidade, como o 2020 Circular Fashion System Committment, com o objetivo de incentivar as empresas a adotarem práticas mais sustentáveis e foram desenvolvidas várias ferramentas com o propósito de medir o impacto ambiental e/ou social das empresas pertencentes a esta indústria.

Em relação às marcas de fast fashion, grande parte começou a adotar iniciativas sustentáveis com o objetivo de começar a integrar o conceito de sustentabilidade e, ao mesmo tempo, melhorar a sua imagem face às críticas recebidas, sendo que uma das estratégias escolhidas foi a introdução de linha sustentáveis.

 

Fez uma dissertação sobre o desenvolvimento linhas sustentáveis. O que a motivou a fazer estudo?

 

Eu sempre soube que queria fazer uma dissertação dentro do tema da sustentabilidade, uma vez que é um tema que me interessa bastante. As marcas não podem continuar apenas focadas em terem um bom desempenho económico e os consumidores devem ser mais conscientes, não só nas compras que fazem, como também nas ações que tomam.

Dito isto, penso que a sustentabilidade deve tomar um papel cada vez mais importante nas nossas vidas se queremos preservar o nosso planeta.

Escolhi estudar linhas sustentáveis de marcas de fast fashion por múltiplas razões.

  • Em primeiro lugar, porque existe uma escassez de estudos semelhantes.
  • Para além disso, como a sustentabilidade e o fast fashion são muitas vezes percecionados como polos opostos, achei interessante estudar este tema e ganhar uma maior compreensão das perceções que os consumidores possuem em relação a estas linhas.
  • Adicionalmente, escolhi este tópico pois considero que embora a introdução de linhas sustentáveis não seja uma solução completa face aos problemas na indústria da moda, poderá representar um passo na implementação do conceito de sustentabilidade no modelo de fast fashion e, por conseguinte, influenciar os consumidores de moda a adotarem comportamentos mais sustentáveis.

 

 

linhas de moda sustentáveis

 

Dê-nos um exemplo de uma marca que tenha desenvolvido uma linha sustentável.

Em que consiste essa linha? O que a diferencia da roupa convencional?

 

O número de marcas de fast fashion com linhas sustentáveis tem vindo a aumentar nos últimos anos. A Zara, por exemplo, lançou, em 2015, uma linha sustentável denominada Join Life com o objetivo de reforçar as atitudes responsáveis do grupo Inditex, sendo depois expandida para outras marcas do grupo.

O que diferencia esta linha dos produtos convencionais são os vários requisitos que a linha deve cumprir, tanto ao nível ambiental como social. Estes requisitos seguem o índice Higg Index, desenvolvido pela Sustainable Apparel Coalition, que tem como objetivo medir o impacto ambiental e social das empresas de têxteis.

Além das auditorias ambientais, que têm como propósito verificar se as fábricas que consomem mais água e energia na produção e manutenção de têxteis cumprem os requisitos ambientais e as auditorias sociais que têm como objetivo garantir o respeito pelos Direitos Humanos e Direitos Fundamentais do Trabalho, os produtos desta linha utilizam matérias-primas e/ou tecnologias de produção que visam minimizar o impacto ambiental.

 

Na sua opinião, os consumidores valorizam a sustentabilidade quando compram artigos de moda? Há uma evolução no seu comportamento?

 

Na minha opinião, embora haja uma consciência e preocupação crescente com os impactos negativos da indústria da moda, o número de consumidores que procura e compra artigos de moda sustentáveis ainda é bastante reduzido.

Segundo os resultados do meu estudo, os consumidores demonstraram ter perceções pouco favoráveis em relação à marca de fast fashion, mas atitudes favoráveis em relação à linha sustentável.

Ou seja, o nível de sustentabilidade da marca de fast fashion não foi um fator determinante na avaliação da linha sustentável. Além disso, o preço e estilo foram escolhidos como os fatores mais importantes na compra de artigos de moda e a sustentabilidade ambiental e social, os menos importantes.

Deste modo, as preocupações dos consumidores ainda não se traduzem na compra de artigos de moda sustentáveis e a sustentabilidade dos mesmos ainda é vista como um acréscimo.

Ou seja, os consumidores só compram artigos sustentáveis se estes atenderem às suas necessidades de moda e se o preço for semelhante aos produtos convencionais da marca.

 

A imagem de marca é um dos fatores mais importantes para o sucesso da linha sustentável

 

Que marcas se destacam, na sua opinião, positivamente nesta área? Porquê?

 

Uma marca que se destaca positivamente nesta área é definitivamente a H&M. A H&M foi uma das marcas de fast fashion pioneiras na integração da sustentabilidade no seu modelo de negócios e continua a ser pioneira na identificação e desenvolvimento de novas soluções que visam minimizar o seu impacto no ambiente e na sociedade.

Os esforços sustentáveis da marca não se limitam apenas à sua linha sustentável, denominada por Conscious, que contém os produtos que cumprem os requisitos mais elevados de sustentabilidade, mas também aos restantes produtos da marca, desde o design ao seu fornecimento, incluindo também o consumo dos produtos e o seu descarte através de um programa de reciclagem de artigos de moda, promovendo assim um modelo circular.

Segundo o CEO da marca, Karl-Joan Persson, o grande objetivo da H&M é que a moda seja sustentável e ser sustentável esteja na moda.

 

Que conselhos daria a uma marca de moda que queira vir a desenvolver linhas sustentáveis?

 

Tendo em consideração os resultados do meu estudo, a imagem de marca é um dos fatores mais importantes para o sucesso da linha sustentável.

Neste sentido, uma imagem de marca forte que transmita confiança aos consumidores, permite reduzir o risco na introdução de linhas sustentáveis, uma vez que aumenta a credibilidade da marca e, por conseguinte, a dos produtos sustentáveis.

Adicionalmente, a semelhança entre a imagem da linha sustentável e a imagem da marca pode facilitar a aceitação de produtos sustentáveis pelos consumidores.

Neste seguimento, as marcas devem desenhar produtos que envolvam práticas sustentáveis e, ao mesmo tempo, satisfaçam os desejos do seu consumidor, uma vez que as perceções de sustentabilidade da empresa não foram consideradas um fator relevante para o sucesso da linha sustentável.

Dado que os produtos sustentáveis não usufruem das economias de escala que os produtos convencionais possuem e as matérias-primas utilizadas são geralmente mais caras, o que dificulta a redução dos preços e a lucratividade dos mesmos, as marcas podem-se focar na semelhança entre o estilo das linhas sustentáveis e os seus produtos convencionais, uma vez que é um dos fatores mais valorizados na compra de artigos de moda.

 

Maria Beatriz Costa

Tem 23 anos e após ter concluído a licenciatura em Economia, decidiu tirar um mestrado em Marketing devido à sua grande paixão por esta área e tudo o que a mesma pode influenciar no desenvolvimento estratégico das empresas. Inicia agora o seu percurso profissional, ambicionando desenvolver as competências necessárias para se tornar uma profissional de marketing bem-sucedida.

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Slow fashion é um conceito relativamente conhecido, mas nem sempre bem compreendido. Fomos entrevistar a Inês Vaz, que acabou de realizar uma tese sobre Slow Fashion, para nos explicar o que é slow fashion e o que uma empresa da área da moda necessita incorporar para ser verdadeiramente sustentável. 

 

o que é slow fashion

 

O que é Slow fashion?

O slow-fashion (moda lenta) representa um movimento sustentável na indústria da moda. Este movimento junta alguns conceitos antecessores como moda sustentável e moda ética, utilizando o mesmo ideal do já conhecido método de cozinha lenta, o Slow-Food.

Neste sentido, não se reduz apenas à preocupação com questões ambientais, como o conceito de moda sustentável, nem apenas à consideração sobre questões sociais, como o conceito de moda ética, juntando também o desaceleramento do processo de produção e consumo destes artigos.

O objetivo é apostar na produção local e ética de artigos de moda com maior qualidade e durabilidade, de modo a promover a diminuição do seu consumo e descarte, onde no final da sua vida também possam ser reutilizados, reciclados ou reproduzidos. 

 

Pretende contrariar os impactos sociais e ambientais negativos desta indústria, como a exploração dos trabalhadores nas suas fábricas, intituladas, a depleção de recursos naturais, emissão de gases com efeito de estufa e poluição do ar e água

Como começou este “movimento”?

O movimento de Slow-Fashion surgiu em 2007 aliado a uma necessidade urgente de se mudar não só as estratégias e práticas das empresas presentes na indústria da moda como também alterar o pensamento e comportamento dos seus consumidores, no sentido de garantir a sustentabilidade do planeta.

Tal como o nome indica, este movimento pretende contrariar os impactos sociais e ambientais negativos desta indústria, como a exploração dos trabalhadores nas suas fábricas, intituladas de sweatshops (fábricas do suor), a depleção de recursos naturais, emissão de gases com efeito de estufa e poluição do ar e água, estando estes impactos associados principalmente ao modelo de moda rápida, conhecido como Fast-Fashion. Este último modelo promove também uma mudança frequente dos artigos nas lojas, como uma resposta rápida aos constantes novos desejos dos consumidores, sendo assim a indústria da moda identificada como uma das mais poluentes e menos éticas, com foco no crescimento económico e maximização da margem de lucro. 

 

slow fashion

 

Os consumidores estão a aderir a este conceito?

Em resultado dos desafios ambientais e sociais que o planeta enfrenta atualmente e que comprometem a sua sustentabilidade, um número crescente de consumidores encontra-se preocupado com estas questões e consequentemente a aderir a movimentos que garantem a satisfação das necessidades presentes sem comprometer as futuras, como é o caso do Slow Fashion. Assim, para além de se verificar uma mudança da mentalidade deste consumidor com a procura de qualidade em detrimento da quantidade, também se assiste a uma mudança comportamento, com a crescente procura de opções em segunda mão, aquisição de artigos de produção local e que garantem condições justas para os seus trabalhadores e valorização de materiais orgânicos e recicláveis. Para além disto, estes consumidores estão também a exercer uma pressão crescente sobre as empresas presentes nesta indústria, para que estas alterem as suas estratégias e práticas.

O que te motivou a fazer uma dissertação de mestrado sobre este tema?

Do ponto de vista pessoal, a sustentabilidade é um tema que me interessa bastante. Isto porque acredito que o futuro do planeta não está só nas mãos das grandes empresas e organizações, mas está também dependente de cada um de nós.

Em seguida, escolhi aplicar sobre a indústria da moda porque, como disse anteriormente, é uma das mais poluentes e menos éticas, onde as empresas Fast-Fashion têm sido as principais culpadas. É urgente mostrar o processo que está por trás dos artigos que vemos expostos nas lojas e quais são os seus impactos negativos para o planeta.

Para além disso, do ponto de vista empresarial, a sustentabilidade é uma das principais tendências do marketing. E o meu estudo, para além de pretender mostrar a urgência de mudarmos os nossos comportamentos como consumidores, tem também como principal objetivo demonstrar às empresas a urgência de alterarem as suas estratégias e práticas não só no sentido de contribuírem para o alcance das metas de sustentabilidade, mas também para sobreviverem nesta indústria cada vez mais competitiva.

 

É importante não confundir “linhas sustentáveis” com o real conceito de sustentabilidade, uma vez que a maioria destas empresas não garante um verdadeiro equilíbrio das dimensões ambiental, social e económica.

 

Quem é o consumidor orientado para o slow fashion? Como se caracteriza?

O consumidor orientado para o Slow Fashion mostra preocupação com questões ambientais e sociais na indústria da moda, atribuindo maior importância à maneira como os produtos são produzidos e preferindo técnicas artesanais, produção e comércio local em pequena escala.

Para além disso, tem preferência por desenhos mais simples e versáteis que não seguem tendências, escolhendo os artigos com base nas suas reais necessidades.  Estes consumidores sentem-se também mais atraídos por edições limitadas que lhes permitam uma maior capacidade de autoexpressão.

 

Algumas marcas de fast fashion estão a desenvolver linhas sustentáveis. Como interpreta esta tendência?

Algumas marcas de Fast-Fashion, no sentido de agradar a estes consumidores cada vez mais exigentes e preocupados, encontram-se a adotar práticas como o desenvolvimento de linhas “sustentáveis”. Contudo, é importante não confundir estas práticas com o real conceito de sustentabilidade, uma vez que a maioria destas empresas não garante um verdadeiro equilíbrio das dimensões ambiental, social e económica.

Isto acontece porque apesar de desenvolverem linhas com artigos compostos por materiais mais sustentáveis, o conceito de Fast-Fashion continua a focar-se na dimensão econômica, com a redução de custos e aumento de lucro, sem preocupação com os impactos sociais e ambientais negativos que possa advir dessa filosofia.

Para além disto, para que possam ser sustentáveis estes produtos têm também de garantir que em todas as fases do seu ciclo de vida – produção de recursos e matérias primas, extração, lavagem, tratamento, tingimento, tecelagem, montagem, transporte, distribuição, compra, uso e descarte – todos os impactos sociais e ambientais são minimizados, o que não acontece na maioria destas empresas. Estas práticas são assim entendidas como Greenwashing – onde o objetivo é passar uma imagem ambiental positiva perante a opinião pública, ocultando e desviando a atenção dos impactos negativos gerados pelas mesmas.

 

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Que marcas de slow fashion são um bom exemplo, para ti, deste conceito?

O número de marcas de Slow Fashion tem aumentado bastante ao longo dos anos, com o exemplo das marcas portuguesas Siz e Miss Castelinhos Handmade, onde os artigos são feitos de fibras naturais e orgânicas e material reutilizado, em pequena escala, manualmente e localmente.

 

Quais as principais conclusões do teu estudo sobre Slow Fashion?

Com o meu estudo conclui-se que o grupo de consumidores com um médio a alto nível de orientação para o Slow Fashion tem uma dimensão significativa na amostra utilizada, sendo que esta dimensão representa um motivo de mudança das organizações no sentido de alcançar as metas de sustentabilidade e atender a este número elevado de consumidores.

Foi também possível verificar que são as mulheres com mais de 54 anos que possuem uma maior orientação para este movimento.

Para além disso, os consumidores deste grupo demonstram possuir valores ambientais, como proteção do meio ambiente e prevenção da poluição, valores altruístas, como paz no mundo e igualdade, crenças negativas associadas a horas excessivas de trabalho e trabalho infantil, e por fim, crenças negativas sobre questões ambientais na indústria da moda.

Por último, pode-se concluir que quanto maior a orientação do consumidor para o Slow Fashion maior a sua intenção em comprar estes produtos. Contudo, verifica-se um desfasamento entre as duas variáveis, sendo que uma orientação elevada nem sempre se pode traduzir em intenção de compra.

 

Com a pandemia, o que acreditas que vai mudar no mundo da moda? Os consumidores serão mais conscientes do que compram e a quem compra?

Uma das tendências que se tem verificado com a pandemia é a procura crescente por artigos de produção local, existindo assim uma maior preocupação em apoiar o comércio tradicional face ao grande consumo e a empresas de Fast-Fashion.

Para além desta questão, existe também uma maior consciência com o tipo de material utilizado nos artigos de moda, no sentido de uma maior preocupação com a saúde. O e-Commerce na indústria da moda é também uma tendência crescente, o que ao nível de sustentabilidade pode não se traduzir na melhor opção, uma vez que implica mais uma fase de transporte com consequentes impactos ambientais negativos.

Inês Vaz

Tem 24 anos e é uma apaixonada por Marketing, área que escolheu para realizar o seu mestrado. É também licenciada em Gestão e atualmente junta estas duas áreas profissionalmente, estando na função de Retail Marketing & ECommerce Assistant na Colgate-Palmolive.

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