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Guillaume Prou, Diretor Geral na Alpargatas EMEIA – Havaianas, falou connosco sobre as iniciativas da Havaianas para promover a Economia Circular.

A Havaianas está muito associada à praia, mas é mais do que isso. Como descrevem a marca neste momento?

A praia sempre foi um território muito natural para a Havaianas, e estamos a trabalhar muito para manter a nossa relevância aí. Nos últimos anos, alargámos a nossa oferta de produtos com sandálias, vestuário e slides. A proporção de produtos além chinelos no nosso catálogo está a crescer a cada ano, atingindo mais de 20% do nosso volume total em 2021. A Havaianas quer cada vez mais vestir os seus clientes da cabeça aos pés e acompanhá-los durante todo o verão e em momentos relaxantes.

 

A Havaianas lançou algumas ações para promover a sustentabilidade. Qual delas gostava de destacar?

A Havaianas iniciou a sua jornada de sustentabilidade há muito tempo e temos muito orgulho das parcerias que começaram há quase 20 anos com ONGs com o IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas do Brasil) e a Conservação Internacional (CI). Todos os anos a Havaianas resgata 7% das vendas dos seus designs especiais para a IPÊ e a CI. E estamos felizes por ver que a sustentabilidade está a tornar-se uma preocupação crescente para os consumidores, bem como para as marcas de moda; a nossa iniciativa mais recente e significativa é o nosso processo de reciclagem de ciclo fechado. Uma das dificuldades que tivemos de resolver foi o processo de triagem, que é bastante complexo. Encontrámos um parceiro chamado Rubberlink, uma empresa portuguesa especializada na triagem e processamento de borracha e outros materiais, e estamos agora a recolher o calçado usado – independentemente da marca – em 80 dos nossos pontos de venda diretos e a reprocessá-los com o nosso parceiro para torná-los em novos acessórios Havaianas. Tenho orgulho de dizer que após a primeira temporada, já processámos mais de duas toneladas de borracha!

Que feedback têm recebido sobre este tipo de iniciativas?

Fiquei surpreendido com a forma rápida como os nossos clientes adotaram o processo de reciclagem; verifiquei os pontos de recolhas em todas as lojas que visitei este verão e estavam quase sempre cheios em todas elas. Treinámos as nossas equipas de loja para explicar às pessoas o que queríamos fazer; e especialmente aos consumidores que estão a comprar um novo par para substituir o antigo, que ficam felizes por deixar os seus chinelos velhos com a sensação de fazer algo útil.

Alguns dos nossos grandes parceiros retalhistas ouviram falar desta operação e consideraram-na tão relevante que nos pediram para serem nossos parceiros nesta iniciativa em 2022: por exemplo, no próximo verão vamos começar a recolher chinelos usados em todos os centros El Corte Inglés onde temos uma concessão.

 

Sentem que os consumidores estão mais preocupados com as questões ambientais?

Os consumidores estão muito bem informados; eles conseguem dizer quais são as marcas autênticas e quais são as que estão a fazer bluff. Mas não estou totalmente certo de como isso estará a influenciar as escolhas de compra; há uma pequena parcela de consumidores ativistas que declaram que a sustentabilidade prevalece sobre qualquer outro critério de compra. No entanto, para a grande maioria, os consumidores dizem que a sustentabilidade é importante, mas não tão crítica quanto estilo, conforto ou preço. Na minha perspetiva, os critérios de sustentabilidade só ganharão relevância no futuro: integrando o ângulo da sustentabilidade em todas as etapas críticas do negócio; com o produto projetado para facilitar a reciclagem, o processo de produção com neutralidade de carbono, a racionalização da cadeia de matérias-primas para reduzir a pegada de carbono desde a fábrica até ao ponto de venda… É uma jornada sem fim e as marcas nunca devem parar nessa jornada.

A parceria com a Rubberlink para a reciclagem de Havaianas usadas possibilita uma economia circular. Que impacto isso teve no meio ambiente?

O projeto Rubberlink é um projeto de reciclagem de ciclo fechado: sabemos que a produção reciclada tem um impacto ambiental menor do que a produção linear. O desafio aqui é ganhar escala de forma a ser viável a longo prazo do ponto de vista financeiro.

O outro benefício é que a recolha direta dos consumidores é a garantia de que os produtos passarão pelo canal de reciclagem mais adequado, evitando opções de alto impacto ambiental como aterros sanitários ou pior: o oceano!

 

Além desta ação de sustentabilidade, participam em outras iniciativas/eventos que contribuam para a proteção do meio ambiente?

Eu diria que a iniciativa mais significativa são as parcerias tanto com o IPÊ como com a Conservação Internacional que mencionei anteriormente. A Havaianas está a apoiar a proteção de ecossistemas e espécies únicos da fauna brasileira, a cada ano, com um conjunto diferente de modelos.

Gosto do facto destas parcerias se desenvolverem e fortalecerem ao longo do tempo: em 2019 fizemos 2 murais enormes com visuais do IPÊ e 2 grandes eventos, um em Lisboa e outro em Londres, com a presença da Sra. Susana Machado, Presidente e cofundadora do IPÊ.

 

Guillaume Prou

Sr. Prou, francês, juntou-se à Alpargatas há 10 anos na função de CFO EMEA. Anteriormente, trabalhou durante 15 anos na L’Oréal em vários cargos na Tailândia, França, Brasil e Portugal.
No seu papel como líder da organização, continuará a fazer crescer a marca Havaianas na região EMEA. Isso inclui os novos desenvolvimentos de extensões de produtos, o crescimento do impacto no retalho das lojas Havaianas, bem como o desenvolvimento do negócio grossista nesta região.

A Alpargatas é uma das maiores fabricantes de calçado do mundo, com mais de 25.000 funcionários em todo o mundo, com base global em São Paulo, Brasil, criando a marca de chinelos Havaianas em 1962.

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