A NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA anuncia que Elvira Fortunato e Cecília Roque, ambas professoras e investigadoras da faculdade, acabam de receber duas bolsas distintas do European Research Council (ERC), a mais reputada instituição de atribuição de fundos para a investigação científica e tecnológica na Europa.
A ERC atribuiu um total de 166 bolsas proof of concept (prova de conceito) – cada uma no valor de 150 mil euros – a investigadores europeus. Quatros dessas bolsas vieram para Portugal – e metade para projetos que nasceram na FCT NOVA.
Diminuir o lixo eletrónico, vigiar o cancro
O projeto liderado por Elvira Fortunato, professora catedrática, investigadora e diretora do CENIMAT|i3N, intitula-se de e-GREEN: From forest to electronics: green graphene e surge como resposta ao aumento do lixo eletrónico que é já o fluxo de resíduos com maior crescimento, acumulando-se 250 milhões de toneladas anuais. Uma nova abordagem sustentável, quer em termos de materiais, quer de processos, é a proposta: “O projeto e-GREEN visa a formação direta de padrões 3D baseados em grafeno para formação de circuitos impressos em substratos flexíveis recicláveis, evitando a necessidade de utilizar materiais metálicos escassos e não ecológicos para além de processos dispendiosos, poluentes e demorados”, adianta Elvira Fortunato.
O projecto e-GREEN surge no seguimento de outro projeto distinguido com bolsa ERC, o DIGISMART (Multifunctional Digital Materials Platform for Smart Integrated Applications) cujo objetivo é revolucionar a maneira como se produzem circuitos integrados e componentes eletrónicos, utilizando materiais ‘eco-friendly’. Foi através do DIGISMART que foi possível “obter uma grande variedade de materiais baseados no grafeno, materiais estes de origem renovável – como a celulose, a nanocelulose e a cortiça – usando um novo processo baseado em grafeno induzido por laser. Este método assumiu-se como uma abordagem promissora devido à sua multifuncionalidade, relação custo/eficácia, processo, escalabilidade, simplicidade, alta eficiência e boa reprodutibilidade.”
O objetivo do e-GREEN é desenvolver uma prova de conceito baseada em vários protótipos de forma a avaliar os desempenhos elétricos e realizar uma extensa análise de mercado. O processo tecnológico abrirá novas portas para a eletrónica sustentável.
Liderado por Cecília Roque, professora associada e Investigadora Principal do Laboratório de Engenharia Biomolecular da Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO), o projeto ENSURE: Non-invasive follow-up of urinary tract cancers consiste na criação de um inovador método de vigilância do cancro da bexiga, não invasivo, rápido e de baixo custo – fazendo uso do “nariz eletrónico” tecnologia desenvolvida numa bolsa ERC anterior atribuída à investigadora (SCENT: Hybrid Gels for Rapid Microbial Detection). Este nariz eletrónico inclui materiais sustentáveis sensíveis a gases, e um dispositivo que recorre a algoritmos de inteligência artificial para fazer a distinção de um conjunto de odores. Com base nesta tecnologia e em resultados preliminares da equipa, estão estabelecidas as bases para a aplicação clínica no diagnóstico e seguimento de pacientes: “O nosso maior objetivo é reduzir drasticamente o número de vezes que os doentes têm de ser sujeitos a técnicas invasivas e dolorosas”, explica Cecília Roque.
Com 573 mil novos casos e 213 mil mortes em 2020, o cancro da bexiga é o mais comum do sistema urinário e tem o maior custo por paciente entre todos os cancros, o que se deve sobretudo à vigilância exigente e que recorre a técnicas invasivas para o doente. O projeto compromete-se a avaliar a viabilidade tecnológica e de negócio numa sinergia entre a equipa de trabalho de Cecília Roque e a empresa italiana Day One, uma colaboração complementada com o contacto próximo com outros colaboradores e stakeholders.
FCT NOVA com maior número de bolsas ERC
Elvira Fortunato acumula, assim, a sua terceira bolsa ERC e Cecília Roque a sua segunda: os projetos contemplados são, respetivamente, nas áreas da sustentabilidade e da saúde. Com as novas bolsas, a FCT NOVA reforça a sua posição pioneira liderando o número de bolsas ERC: passa de nove para 11. Já a Universidade Nova passa de um total de 22 para 24 bolsas ERC.
Ambas as bolsas são proof of concept (ou prova de conceito) o que quer dizer que são bolsas atribuídas a investigadores já distinguidos por uma ERC. Significa também que os investigadores deverão utilizar o financiamento para passar da teoria à prática: perceber a viabilidade dos conceitos científicos em desenvolvimento assim como explorar oportunidades de negócio ou preparar candidaturas de patente.
Entre os 166 distinguidos pelas bolsas, a maioria (92) são mulheres. As bolsas foram atribuídas a investigadores da Áustria (7 bolsas), Bélgica (5), República Checa (1), Chipre (1), Dinamarca (4), Alemanha (13), Grécia (1), Finlândia (3), França (15), Islândia (1), Irlanda (6), Israel (18), Itália (21), Luxemburgo (1), Holanda (16), Noruega (1), Portugal (4), Eslovénia (1), Espanha (18), Suécia (7) e Reino Unido (22).