Face à redução de uma tonelada de dióxido de carbono por dia, durante o confinamento, segundo dados da Agência Internacional de Energia, decidimos entrevistar Carlos Barbosa, Presidente e CEO da ACP, para compreender qual a sua visão sobre estes dados e o futuro da mobilidade. As respostas, bastante diretas, incisivas e vinculativas da sua opinião, estão abaixo.
Carlos Barbosa
Presidente e CEO do ACP
A ACP foi reconhecida internacionalmente, pela Federação Internacional do Automóvel, pela campanha “Nem sabes o ACP que tens”, que teve também uma excelente aceitação junto do público geral também. Pode falar-nos um pouco mais desta campanha, da estratégia de comunicação e do posicionamento da ACP?
O objetivo estratégico foi fazer uma campanha de marca, e não, uma campanha de produto.
Apesar do ACP ter uma notoriedade enorme, era importante as pessoas perceberem a abrangência dos serviços, que temos, e que são muitos. Para compreender melhor, muitos dos sócios ainda não sabem, nem utilizam as vantagens que têm.
Compreendendo-se a aposta no aumento do número de associados, que impacto está a ter o COVID na ACP, numa altura que o setor automóvel está a ser dos mais afetados?
Fazemos cerca de 30.000 novos sócios por ano e perdemos cerca de 12.000. O Covid durante os 3 meses de confinamento abrandou a angariação de sócios, mas, mesmo assim foi muito superior ao que esperávamos, devido aos excelentes produtos de saúde que temos.
A mobilidade é um direito e um bem de todos. Por isso, tem de existir uma inclusão inteligente de todos os meios de transporte, e não uma guerra absurda de uns contra os outros.
Um estudo da Agência Internacional de Energia (AIE), que revela a redução de um milhão de toneladas de dióxido de carbono por dia, fez exultar muitas pessoas, no sentido de demonstrar que podemos viver poluindo menos. Qual a posição da ACP em relação a estes dados e à perspetiva da opinião pública?
Obviamente menos circulação, menos poluição. Os carros são cada vez mais “limpos”. Veja-se o gasóleo que há 4/5 anos era o inimigo número um, e agora polui menos que a gasolina. As cidades para cumprir as metas do ambiente vão precisar de mais carros a gasóleo do que a gasolina. E mais elétricos obviamente.
Segundo alguns dados, terão sido vendidos aproximadamente 4.000 carros elétricos em Portugal no ano de 2019. Como olha para estes números? Representam o perfil de associados ACP?
Os carros eléctricos são ainda muito caros, e a autonomia ainda não é suficiente para ser o único carro de uma família. Mas, acima de tudo, o preço é determinante. Repare que esses 4000 carros foram a maior parte para entidades públicas.
Penso que o futuro passa pelos carros Plug-in, que já existem a diesel e em cilindradas pequenas, que permitem andar nas cidades como eléctrico (bom para o ambiente) e nas viagens longas a combustão com os tais motores pequenos e cada vez mais eficientes.
Como antecipa que seja a frota automóvel em Portugal daqui a 10 anos, com o aparente aumento das preocupações ambientais das pessoas?
Daqui a 10,20 30,40 anos a frota será maioritariamente a motores de combustão. Neste momento não chega a 2% os carros eléctricos que circulam no mundo inteiro, pelas razões que apontei acima.
Penso que o futuro passa pelos carros Plug-in, que já existem a diesel e em cilindradas pequenas, que permitem andar nas cidades como eléctrico (bom para o ambiente) e nas viagens longas a combustão com os tais motores pequenos e cada vez mais eficientes.
A mobilidade é um dos temas fundamentais para as pessoas e cidades, no presente e futuro. Como é que a ACP se envolve com a temática das smart cities?
O ACP está envolvido nas Smart Cities, quer através da FIA quer através de outras organizações internacionais. É pena os nossos autarcas não aprenderem nada nestes seminários e estudos.
Nos vetores principais da Sustentabilidade, ambiente e social, existem algumas ações da ACP que gostasse de destacar e que não foram aqui mencionadas?
A mobilidade é um direito e um bem de todos. Por isso, tem de existir uma inclusão inteligente de todos os meios de transporte, e não uma guerra absurda de uns contra os outros. Não é só porque é moderno que se rebenta com a mobilidade de uma cidade e se contribui para mais poluição.
Tem de haver menos carros a circular, é o que todos queremos, mas em todo o mundo o problema já não é proibir, mas sim, como arrumar os carros, à entrada e dentro das cidades, com grandes parques.
Em Portugal os autarcas, como não pensam, é mais fácil proibir. E não se constroem parques de estacionamento. Porquê? Porque o dinheiro dos parquímetros é muito importante.
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