O Dia Internacional da Mulher celebra as conquistas das mulheres provenientes dos mais diversos contextos étnicos, culturais, socioeconómicos e políticos. É um dia em que todos devemos refletir acerca do progresso a nível de direitos humanos, e honrar a coragem e determinação das mulheres que ajudaram e continuam a ajudar a redefinir a história, local e globalmente.
Apesar de todos os avanços relativos aos direitos das mulheres, nenhum país atingiu a igualdade plena entre homens e mulheres.
O Green Purpose pretende assinalar esta data e desafiou algumas mulheres com cargos de liderança a responder a 5 perguntas sobre a desigualdade de género no meio laboral. São testemunhos que revelam a realidade que ainda se vive e refletem que, no que diz respeito a Portugal, na prática, ainda estamos longe de alcançar a igualdade.
Marta Leite de Castro,
CEO & Fundadora do Projeto N360 | Business Stories | Apresentadora RTP Programa Network Negócios| Eventos Corporativos
Já sentiu algum tipo diferença no tratamento dos outros para consigo no ambiente de trabalho por ser mulher?
A minha área sendo uma área muito diferente, a da televisão talvez não tenha sentido tanto essa diferença acentuada. Até porque quando comecei na televisão há 21 anos começava uma grande tendência de ter novos rostos e também mulheres a apresentar, tanto que um ano depois comecei apresentar um programa de cinema e um ano depois fui fazer de repórter nacional e internacional de um programa diária.
Agora de facto senti logo essa diferença em casa quando a minha mãe me contava que não seguiu Direito porque o meu avó quis antes que se candidatasse ao magistério primário, que era visto como “mais adequado na altura para mulheres” e isso marcou-me, tanto que fui para Direito, tinha alguma ligação ao que pretendia e por achar que estaria a satisfazer um desejo por realizar da minha mãe.
Acha que é mais fácil liderar uma equipa sendo homem ou mulher?
Acho que são dadas menos oportunidades as mulheres de liderar, ou de ter o cargo de líder, e embora ao longo destes anos só ter tido diretores homem, tenho de destacar quem liderava depois no terreno eram praticamente equipas femininas. Facto curioso, mas que foi quase sempre assim durante uns quinze anos até ter a minha própria empresa, reportava a mulheres que faziam a Produção executiva.
Sente que teve de se esforçar mais para atingir o cargo que ocupa por ser mulher?
No meu caso não diretamente. Mas sempre fui muito sensível a esta questão, acompanho e por isso até criei um formato de Business Woman para dar empowerment a outras mulheres que através dos seus exemplos pudessem inspirar outras a lutar pelos caminhos profissionais.
Algum conselho que gostaria de deixar para as jovens mulheres que entram no mercado de trabalho?
O meu conselho é que nunca se limitem, arrisquem, escolham o curso ou o trabalho que mais ambicionem. E que se lembrem que muito do que possamos conseguir na nossa carreira vem de dentro, a força tem de estar sempre presente.
Em que pontos considera que Portugal ainda tem de evoluir para que sejamos um país com uma sociedade com total igualdade de género no mundo laboral?
São vários os pontos: a diferença salarial e a há mais cargos de direção de homens.
Outro ponto: é a escolha das carreiras. Mais homens nas engenharias. Mais mulheres na educação e saúde. Na política também acontece,mais homens e menos mulheres. Mesmo com regras de paridade, na prática ainda não é assim.
Outro ainda pertinente: Falta de equilíbrio na execução das tarefas domésticas e de cuidado faz com que isso se reflita na progressão na carreira.
Há aqui claro um grande caminho a fazer dentro da progressão das carreiras femininas.
No entanto, deixo uma nota aspiracional, para quem queira empreender, saiu num estudo em 2018 (dados de acordo com o Mastercard Index para o Empreendedorismo Feminino) que Portugal surge como 6o país do mundo com melhores oportunidades e condições de apoio para as mulheres prosperarem enquanto empreendedoras.